quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Mon ange gardien

Despertei essa manhã unificando os meus passos,
caminhei por tantos lados e o que encontrei foi sempre sua face olhando para mim
Sua face de saber e amargura, de tensão e de sorrisos edificados em pequenos olhos
seus dedos de trabalhos pesados cheios de ternura e afagos...
Estive certa de que meu presente é uma somatória de passados por ti emoldurados
de que ao meu alento esteve sempre a espreita, ainda que distante, atento.
Escutei ao longe seu nome, e acordei de um sonho distante
onde estava naquela hora em que estivestes ao meu lado enquanto eu corria?
andei em círculos procurando um lugar mais confortável e me esqueci que este lugar era bem aqui
imóvel, estática, dentro de mim, ao seu lado.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Do dia de amanhã

Aceito a impermanência, mas seria isso o mesmo
que estar a admitir outra coisa além do agora que se passa?
Essa impermanência que me cerca é apenas uma soma de agoras,
e se não existe nenhum, não há montante, não se somam, se subtraem.
Se não olhasse pra essa dor, pra essa alegria, pra tanta euforia, e a paz não existiria...
Se não sofresse e risse bem alto, como poderia eu dizer-me alguém que suporta
que diz a impermanência que se importa...?
Não se trata de um preparo, de um descaso com a atualidade,
estando acordado percebo neste um tanto de mediocridade...
A impermanência é exatamente o agora tomado na sua intensidade,
mas sem volúpia, o que seria o mesmo de dizer que eu não posso exauri-lo.
Sem a apreciação profunda do que é, como vislumbrar o vir-a-ser?
sem o agora a impermanência permanece este conceito metafísico que mascara a minha dor...




quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Tal como é ( da não dualidade do ser)

Isso sendo já é...o que buscar quando já se tem ?
O ser que se alcança na prática não é um ser que se alcance na prática
assim, mesmo sendo, o ser não se sabe ser,
só é, mesmo sem saber, só sabe, quase intuitivamente,
que o descaminho da prática é o caminho do ser,
enquanto resposta do não caminho se desvela o caminho,
ambos sendo, apenas, equilíbrio entre busca e aceitação(de ser ou não ser, já não há mais questão)
do ser que já é, está, sendo, ser...

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Memento mori

Naquela tarde, o mundo perdeu um certo encanto,
não que eu o tivesse tornado hostil,
é que a ti emprestei todas as horas dos meus elogios,
elocubrando o seu querer, e o prazer que me daria tocar a sua alma.
Destitui do destino o encanto da existência,
e mesmo o devir, ainda que desejado, pareceu-me avesso,
dispensável a esta hora, de aceitar a felicidade da impermanência.

sábado, 15 de setembro de 2012

Carpe Diem

             Encerrei meu dia de matemas enuviados
             Contentando-me acerca da falta
             das noites escarnecidas e dos dias amontoados
             Ferrolho e séquito corpo, juntos, encoleirados
             tal qual a mente encara, pensamentos ultrapassados 
             Escolhi a cerca que me guia
             nas estradas do saber
             entendi porem que existindo,
             importa apenas viver

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Eterno efêmero


 No seu olhar ratifiquei o meu desejo,
 mergulhei-me entre encantos e desencantos,
 e mesmo no calor do sol do meio dia, sorvi minha alma de tempestades glaciais,
 iluminei seus passos ao som do trovão,
 na trama de conjecturas minhas e suas nos congratulei com um gesto amante e errante
 do tempo insuperável de um piscar de olhos.
Edificar o caráter sob a égide do espírito, sendo este constructo da práxis do saber(viver), apenas desta feita a religião torna-se desnecessária e o sexo deixa de ser coibição moral.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Self

Uma parte de mim é razão, a outra coração
   Um lado meu é silente, o outro indecente.
Sou um tanto criança, um tanto anciã,
  Confabulo o querer dos quatro ventos em uma só voz,
Confunde-me aturdida, o simples fato de estar viva...

sábado, 7 de julho de 2012

Impermanente..

       Esse louco ioiô que contém uma função chamada ´´Eu``, só para mesmo quando agente mantém ele girando, bem no centro da corda.



sábado, 19 de maio de 2012



Se colher dos teus lábios pudesse eu
todas as manhãs o orvalho da noite
e todos os dias te regar de alegria
encolheria a vida em uma pequena semente 
e no solo desse amor a plantaria...
Esperaria serena o tempo de seu florescer
e cultivaria os frutos dessa alquimia
ceifaria de ti toda dor da existência,
e a ti restaria apenas brincar com a minha essência...

Luz

Fixei morada no relâmpago da tua presença,
dos teus passos e perfumes, dos teus ombros,
da tuas iras e das nossas poesias.
Injustas horas que atropelam o relógio na tua estadia...
A graça do teu riso três séculos ou mais atropelaria
a beleza tua a do lírio do campo afugentaria.
Ainda que distante de ti, te sinta,
não são mais do que sombras ao meu redor,
espectros da tua presença todo o resto de coisas
apenas sinais, setas apontando a sua ausência.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Palavras são só palavras, e versos são só versos, mas versos não são só palavras....
                Plenitude...

Ouvi um silêncio profundo depois do trovão,
se a sombra só existe pela luz,
como pode haver calamidade sem paz,
tristeza sem alegria,
loucura sem razão?

Ser pleno é abarcar os opostos, e os atravessar
os perpassar, permear ambos os lados
sem estagnar em um.

Plenitude não esta na calma ou na ira,
no silêncio ou na eloquência,
agir plenamente é agir com calma quando necessário,
e com ira quando preciso,
falar somente o que for útil e indispensável,
ainda que isso signifique falar muito, ou pouco...


quarta-feira, 28 de março de 2012

Entrega

Não sei me dar aos pedaços
temer a vida, despistar os tropeços
Prefiro o gosto amargo de qualquer hoje
Ao nunca chegado perfeito amanhã.

Para não temer o embuste alheio
a mim própria me embusteio.
Creio não fazer mal um exagero de crença
e de escolha no agora que possuo.

Se acaso for o amanhã trapaceiro
tal qual o amigo que pensava possuir
não nego a lágrima e a dor no peito
mas nem a felicidade que ontem senti.

São cegos ao eterno devir
os que planos fazem com o porvir
Que castelos constroem com suas ideias
que possa ser melhor do que a vida que lhes grita?

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Presente

A vida roubou, tomou corda
desempilhou de minhas costas o peso dos anos
dos dias cheios de séquitos olhares frios,
do destino e da desgraça do passado.
   
            Em troca me deu o presente do presente
            ruiu os castelos de sonhos, de brilhos nos olhos
            solidificou os sapatos de chão e de terra
            fria e molhada, porque não dizer :encarquilhada

Esculpi no ontem o dia de amanhã
ganhei escrupulosa forma de desvestir o dia de sombras
de luas, gritei buscando meu lar
surpresa foi o ontem ver o hoje pensando nunca ter chegado...

Tempo

     A minha tristeza é minha, é minha a solidão
     são minhas as lágrimas, os sorrisos
     é teu meu abraço, meu laço,
     meu dia de chuva, meu rosto colado desatinado
     é teu meu colar pintado, meu barco desenfreado,
     o chamo de hoje, o querer
     o poder escolher lhe ofertar o egoísmo do meu tempo.